A importância da impermeabilização na construção de telhados

Construir ou reformar um telhado em regiões chuvosas exige atenção aos detalhes. A impermeabilização não é apenas acabamento estético; é uma etapa indispensável para evitar infiltrações, mofo, oxidação e eflorescência que comprometem a saúde e a estrutura da edificação.
Pesquisas mostram que até 90 % dos problemas de infiltração vêm do acabamento inadequado das bordas de mantas e da falta de inclinação mínima. Neste artigo vamos explicar como as mantas asfálticas, selantes e outras tecnologias evitam vazamentos, apresentar casos reais e ajudar você a escolher o sistema ideal para obras ou reformas em telhados.
Por que impermeabilizar o telhado?
A principal função da impermeabilização é impedir que a água passe para as estruturas internas. Em telhados de regiões chuvosas, as goteiras surgem não apenas por rachaduras, mas pela falta de um sistema que crie uma barreira contínua entre a chuva e o interior da casa. As infiltrações causam oxidação de metais, mofo, desprendimento de pintura e até a perda de resistência do concreto. Para evitar esse cenário, o projeto de impermeabilização deve seguir normas como a NBR 9575, que orienta o dimensionamento e especificação de sistemas rígidos (concreto com aditivos) e flexíveis (mantas pré-fabricadas) A norma também determina que a impermeabilização seja compatibilizada com as instalações hidráulicas e o projeto arquitetônico.
Materiais e técnicas de impermeabilização
Mantas asfálticas
As mantas asfálticas são as soluções mais tradicionais para impermeabilizar telhados. Elas são constituídas de asfalto modificado com polímeros, reforçado com poliéster ou fibra de vidro. Quando aplicadas corretamente, formam uma membrana contínua resistente à água e às variações térmicas. Segundo um guia técnico, as mantas apresentam durabilidade superior a 20 anos, são versáteis e oferecem bom custo‑benefício. Existem versões aluminizadas que refletem os raios solares e reduzem a temperatura interna, além de mantas auto‑protegidas com granilha de ardósia para áreas inclinadas.
A aplicação deve seguir normas como a NBR 9952/2014:
- Preparação da superfície – regularize o contrapiso com argamassa de cimento e areia em traço 1:3, mantendo a inclinação mínima de 1 % e arredondando cantos e bordas. A superfície precisa estar limpa, seca e sem poeira.
- Imprimação – aplique um primer (em torno de 0,5 L/m²) e aguarde de 24 a 48 horas para secagem completa.
- Aplicação da manta – desenrole a manta sobre a área, alinhando as peças e sobrepondo as emendas em cerca de 10 cm; use asfalto quente ou maçarico de ar quente para aderir. Existem mantas autoaderentes, que eliminam o uso de maçarico.
- Testes de estanqueidade – após a instalação, realize o teste de inundação mantendo água sobre a manta por 48‑72 horas para verificar vazamentos.
- Proteção – em áreas expostas ao sol ou com trânsito leve, utilize manta aluminizada ou com ardósia. Nos demais casos, aplique uma camada de proteção mecânica (contrapiso) sobre a manta.
Mantas líquidas e borracha líquida
Para coberturas com geometrias complexas ou onde a aplicação de rolos é difícil, as mantas líquidas (ou borracha líquida) são uma alternativa prática. Elas são aplicadas com rolo ou trincha, formando uma membrana flexível que preenche pequenas fissuras. A borracha líquida tem boa aderência em telhas cerâmicas, metálicas e de fibrocimento e pode ser usada em varandas, lajes, garagens e telhados com baixa inclinação. Além disso, oferece alta resistência ao sol e às intempéries e tem custo acessível.
Selantes, fitas e soluções pontuais
Nem sempre é necessário impermeabilizar todo o telhado. Selantes e fitas autoadesivas permitem corrigir pontos críticos, como emendas, furos de parafusos e junções de calhas. Produtos à base de poliuretano ou híbridos (selo poliuretano/silicone) têm alta elasticidade e resistência à intempérie. A empresa Cascola recomenda retirar o selante antigo, limpar a área, aplicar um primer e, em seguida, preencher a junta com selante Veda Calha usando pistola aplicadora. A marca alerta que selantes de silicone comum não são indicados para áreas externas expostas ao sol e à chuva.
A Brasilit descreve o uso de Fita Veda Tudo para vedar sobreposições de telhas. O passo a passo inclui limpar e secar a superfície, passar tinta asfáltica se houver poeira, cortar a fita no tamanho adequado, remover o filme plástico e sobrepor as emendas em 10 cm. Em outros pontos como parafusos ou rufos, podem ser usados selantes específicos e parafusações com anel de vedação. Já a Hard destaca o uso da Fita Tacky‑Tape em sobreposições, do Selante RR 500 ECO para os pontos de fixação e do impermeabilizante RR 500 ECO em telhados metálicos.
Sistemas avançados: poliureia, silicone e novas tecnologias
Além das soluções tradicionais, surgem tecnologias como poliureia e silicone líquido. A poliureia é um revestimento bicomponente que cura rapidamente, forma membrana elástica e tem alta durabilidade, mas exige equipamentos especiais e mão de obra especializada. Já as soluções 100 % silicone criam uma membrana contínua moldada no local, têm alta refletância (até 88 %) e aderem sobre a impermeabilização existente, reduzindo o calor interno. Esses sistemas são mais caros e, por isso, recomendados para coberturas planas ou industriais onde se busca isolamento térmico e rapidez na aplicação.
Casos reais de vazamentos evitados
Casos práticos ajudam a entender a eficácia da impermeabilização. A empresa Hard relatou que um centro de distribuição em Campina Grande sofria com goteiras constantes. Após a aplicação do sistema RR 500 ECO e da Fita Tacky‑Tape, as infiltrações foram eliminadas rapidamente. Em uma fábrica, reforçar a impermeabilização das emendas e parafusos prolongou a vida útil do telhado em até 15 anos. Em uma fazenda com silo, a falta de vedação acarretava corrosão; o sistema de selantes vedou as emendas, reduziu a temperatura interna e manteve a estrutura protegida. Esses exemplos mostram que investir em mantas, fitas e selantes adequados traz retorno financeiro e prolonga a durabilidade da cobertura.
Como escolher o sistema de impermeabilização ideal
A escolha depende de fatores como:
- Inclinação do telhado – telhados planos exigem mantas ou borracha líquida; em áreas inclinadas (até 30 %) pode‑se utilizar mantas aluminizadas ou ardosiadas.
- Material da cobertura – telhas cerâmicas, metálicas ou fibrocimento têm propriedades diferentes. Mantas asfálticas aderem a concreto e fibrocimento; selantes e fitas são indicados para metais e cerâmicas.
- Tráfego e uso – lajes transitáveis requerem proteção mecânica sobre a manta; áreas sem acesso podem utilizar mantas auto‑protegidas.
- Condições climáticas – em regiões muito quentes, mantas aluminizadas ou membranas de silicone ajudam a refletir o calor; em locais frios, sistemas flexíveis evitam fissuras causadas pela variação térmica.
- Orçamento e mão de obra – mantas asfálticas oferecem bom custo‑benefício e longa vida útil. Sistemas avançados como poliureia são mais caros, mas reduzem o tempo de obra.
Independentemente do sistema, procure um projeto de impermeabilização elaborado por profissional habilitado, respeite as normas (NBR 9575 e NBR 9952), realize testes de inundação e exija garantia dos materiais.
Cuidados e manutenção preventiva
A impermeabilização deve ser acompanhada de manutenção periódica. Verifique se há goteiras nas emendas, nos pontos de fixação e nas junções com paredes. Limpe calhas e rufos para evitar acúmulo de folhas e sujeira. Nas épocas secas, aplique selantes ou fitas nos pontos vulneráveis, e nas épocas chuvosas, monitore o desempenho do sistema. Lembre‑se de que a maioria das infiltrações ocorre devido ao acabamento mal executado, à falta de inclinação ou à ausência de proteção nas bordas. Antecipar‑se a esses problemas evita reformas caras e preserva o conforto dos moradores.
Impermeabilizar o telhado é uma estratégia essencial para quem constrói ou reforma em regiões chuvosas. Mantas asfálticas, borracha líquida, selantes e fitas autoadesivas são tecnologias eficazes para proteger a cobertura contra infiltrações, mofo e corrosão. Seguir normas técnicas, escolher materiais adequados e realizar testes de estanqueidade garantem o sucesso da obra. Os casos apresentados demonstram que investir em impermeabilização aumenta a vida útil do telhado e evita prejuízos futuros. Portanto, inclua a impermeabilização no seu planejamento e consulte profissionais especializados para definir a melhor solução.